Oficina: Comunicação em saúde mental: antropologia da imagem, cinema etnográfico, microanálise e intervenções midiáticas
Público alvo
Estudantes de áreas ligadas à comunicação em saúde. Profissionais.de áreas afins
Objetivo
Esta oficina busca percorrer, investigar e problematizar metodologias de pesquisa em saúde envolvendo imagem, registros de vídeo e fotografia. Será apresentada uma trajetória dos usos da imagem na ciência que parte da fotografia e vai ao encontro da etnografia clássica de Malinowski, seus desdobramentos no cinema etnográfico e utilização em metodologia qualitativa em saúde mental, até protocolos contemporâneos de microanálise da díade que destacam a intersubjetividade. O movimento, as perturbações psíquicas e a subjetividade encontram-se no centro deste uso do registro imagético enquanto dispositivo de investigação.
A história da fotografia em seus nexos docum entais é discutida com destaque para a obra de Albert Londe, com seu laboratório na Salpetrière, e para os estudos de movimento de Edward Muybridge, com seus dispositivos de estudo cinésico humano e animal. Através de questões sobre registro, fotografia e cinema colocadas por antropólogos-cineastas como Robert Flaherthy, Margareth Mead, Gregory Bateson, Jean Rouch e David Macdougall, serão tangencialmente tematizados o cinema-verdade e o cinema direto. A oficina privilegiará trechos da filmografia clássica: Nanook of the North (Robert Flaherty), Man of Aran (Robert Flaherty), fotografias do livro-etnografia de Mead-Bateson, e a cena final de Maîtres Sorciers (Jean Rouch);
O uso do registro fílmico e da fotografia na psicologia do desenvolvimento aparece como aspecto privilegiado a partir do domo de Gesell, construído como laboratório-estúdio para filmar crianças. A observação do desenvolvimento normal transforma-se progressivamente em área de pesquisa clínica, demandando tecnolog ias de registro e utilização de dispositivos de filmagem. Experimentos de microanálise psicanalítica da díade, a partir de René Spitz, Robert Emde e Daniel Stern são paradigmáticos. O uso de registros fílmicos em estudos de psicologia social e psicologia do desenvolvimento apoiados na comunicação mãe-bebê também será apresentado, especialmente através das pesquisas contemporâneas de Threvarthen e Aitkin.
A discussão sobre o estatuto da imagem em geral, em suas relações com a semiótica e a semiologia será discutida. Consideram-se relevantes problemas relativos à relação entre semiologia estruturalista e semiótica pierceana, à abordagem digital da imagem (fractais de Mandelbrot) e às teorias sobre o imaginário na subjetivação (topologia de Jacques Lacan, fenomenologia do rosto em Emmanuel Levinas).
A terceira parte da oficina pretende desenhar uma trajetória que parte da pesquisa e chega à comunicação em saúde mental. O uso de registros filmados ou fotogra fados em pesquisas de psicoeducação será tematizado. Intervenções midiáticas podem ser compreendidas através de questões clássicas como a persuasão, a identificação e a figurabilidade, buscando encaminhar problemas inerentes ao campo da comunicação em saúde mental do ponto de vista da prevenção e promoção de saúde.
Plano da oficina
1º dia, 2h:
Etnografia, fotografia e metodologia de pesquisa
2º dia, 2h:
Semiologia e semiótica. Intersubjetividade e microanálise
3º dia, 2h:
Psicoeducação e uso de imagens.
Grau de complexidade
Básico. Introdutório.
Dinâmica da oficina
Aula expositiva
Exibição de documentos iconográficos
Análise de exemplos
Discussão em grupo
Data e horário:
17, 18 e 19 de setmbro de 2008 - 17 as 19 horas (6 horas/curso)
Facil
itador
Carlos Estellita-Lins, FIOCRUZ/ICICT